segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Um estranho modo de amar a Pátria

Definitivamente o Brasil está perdendo o mínimo de civismo de que dispunha. E de patriotismo. O amor à Pátria, assim como o amor ao ser humano, está indo para o brejo. Prevalecem as cifras e o correr atrás delas. Tudo parece ter se tornado brega, na inversão de valores que assistimos diariamente, defronte dos nossos narizes. Gostar é brega, amar também é, demonstrar sentimentos de carinho, de solidariedade, de bons costumes também caíram na tarja rotulada de “brega”. No mundo moderno, da correria, da falta de tempo, não há espaço para o sentimento humano e as relações tornam-se superficiais.
Há o lado bom da tecnologia moderna, que acaba não tendo aproveitamento integral, no sentido de melhorar verdadeiramente a qualidade de vida, mas há o lado ruim que parece ser mais fácil de ser aproveitado, por conta de uma orientação ao ser humano, ou uma desorientação, que tornou os valores básicos das relações uma total inversão. Desse modo, todo um processo educacional que já não era lá essas coisas, descamba de vez para um buraco sem fundo, que fatalmente vai resultar num caos imenso para a existência do ser. Cada um sobre o planeta terá sua parcela de responsabilidade nesse processo, senão começar a pensar urgentemente para que veio a este mundo ou para que nasceu.
Felizmente, aqui, ali ou acolá, pessoas que têm certo peso diante da sociedade, têm alertado para esse evidente processo de deterioração que cresce a cada dia que passa. Claro é que governantes, políticos e outros cidadãos que se situam no topo da pirâmide social, têm grande parcela de culpa pelo problema. Grande parte da solução caberia a eles, com medidas eficazes para eliminar o cancro que se espalha. Todavia, estão muito ocupados com o poder e lutando por mais poder, apenas pelo poder. No Brasil, o processo educacional sempre foi precário, as medidas adotadas nunca conseguiram disseminar a instrução e a cultura em larga escala. Isso, aliás, é óbvio. Só não o é para analfabetos e semi-analfabetos, que ainda são muitos, milhões de seres. No entanto, tudo mostra que esse estado de coisas é muito bom para poucos e ruim para muitos. Muitos que, certamente, não percebem nada disso. Passam às cegas pela vida. E, de certo modo, felizes, acreditando no que ouvem dizer por aí. Ilusões e artificialismos que chegam a proporcionar frágeis benefícios.
Assim, chegamos aos dias atuais. Dias em que, como foi dito no início, os valores se inverteram. Ou talvez foram trocados por outros valores. Mas é preciso não se esquecer do verdadeiro significado da palavra VALOR. Será que os valores modernos são esses que vemos diariamente? Pais jogando filhos pelas janelas, bem como ex-mulheres; filhos matando avós e pais; pais que não sabem dizer não a seus filhos; a droga correndo solta em todos os pontos públicos e não tão públicos, com ou sem aglomeração humana; a escassez de segurança pública; a defesa comprada descaradamente por corruptos e bandidos; a falta de uma política prisional eficaz; a liberdade condicional a bandidos que se tornam cada vez mais bandidos; a falta de respeito aos mais idosos, que, quando estão bem de saúde, certamente são a memória viva de um povo; a falta de cordialidade, de civilidade, do bom dia, do boa noite, do muito obrigado, da atenção; e muitas outras coisas péssimas em pauta. Para encurtar, a falta de vergonha na cara.
É só parar um minuto para observar, em qualquer situação do dia a dia, e ver. Certo que, quem não estiver a fim de ver, não verá.
Dia 19 deste mês passou e com suas 24 horas passou a data dedicada à bandeira nacional. Passou em brancas nuvens. Se houve manifestação dos governos sobre o assunto, tanto o federal como os estaduais, foi uma manifestação discreta além da conta. A mídia, por intermédio da TV ou os principais jornais do País, não mencionou o fato. Cadê o civismo, a noção de pátria para as crianças? Cadê o exemplo que não veio do alto? Alguém aponte, se viu no dia, algum evento anunciado sobre a bandeira brasileira. Será que o hino à bandeira foi cantado no pátio das escolas brasileiras nesse dia? Será que a bandeira brasileira foi instituída para se resumir enrolada nos corpos dos atletas nacionais que ganham competições pelo mundo afora? O patriotismo, a cidadania, estão resumidos aos dias de eleições no Brasil? Todo esse comportamento moderno faz parecer que já depenaram todas as “palmeiras onde canta” ou pelo menos cantava “o sabiá”! Gonçalves Dias, considerado o grande poeta brasileiro do século 19, parece ter perdido seu tempo ao escrever tal poesia sobre a terra brasileira – a Canção do Exílio, quando estava em Portugal. Deve hoje ser considerado provavelmente um texto brega. Se é que ainda se sabe atualmente quem foi Gonçalves Dias.

2 comentários:

Anônimo disse...

Os valores "morais", hoje em dia, são: Ter corpinhos maravilhosos, sarados, para que a Globo os incluam em algum BBB e posteriormente fotografem na Playboy, participem de alguma novela e virem "celebridades". Com isso não é preciso estudar nada, (seguindo a filosofia do nosso Presidente), para se alcançar o sucesso na vida... Ou quem sabe, conseguir ser o Zé da Lavanderia, Juca da Padaria ou o Tião da Oficina, se candidatar a vereador e iniciar sua vida política, vendendo seus poderes e alcançando cargos de deputados, para cada vez mais desfalcar o nosso erário tão vilipendiado. Marcio

Anônimo disse...

Marcos,
Concordo. Eu que sou do tempo que tinha Moral & Cívica, e OSPB na escola, também sendo um jornalista da "velha", me lembrei do dia da bandeira (19.11), mas quando comentei em casa, não ouvi aquele tradicional "é mesmo!" ou "ah é?". Acho que nem entenderam o que eu disse e continuaram vendo filme na TV, kkkkk.
Realmente, os valores hoje são "o melhor carro", "o celular maneiro", o "Play3", coisas assim. Acho que estamos vendo os resultados daquela política do "povo burro é mais fácil comandar". Para que incentivar patriotismo, se isso só vai gerar um monte de gente cobrando "melhorias"? Melhor, então, incentivar o consumismo, que vai gerar imposto... imposto gera orçamento.... orçamento gera poder... poder é bom demais...rsrsrs
Abraço!
Eurico