Ora, em nenhum lugar deste mundo, ninguém é livre para tanta liberdade de expressão. Vivemos em sociedade e temos que preservar relações humanas saudáveis. E o jornalista que, além da formação acadêmica, tem um mínimo de perspicácia, sabe muito bem disso. Vai falar o que quer ou o que vê de verdade, para ver o que acontece! E muitas vezes, mesmo que tenha fundamento para tal. Mesmo que esteja dizendo a verdade. E sendo fiel a ela.
Empresas de jornalismo são concessões do Governo, principalmente emissoras de rádio e televisão. Repórteres, editores e os donos dessas empresas sabem muito bem disso. E a partir daí já começa o filtro dessa liberdade de expressão. A informação tem que ser muito bem avaliada e analisada, para ser divulgada.
Pouco importa se nos Estados Unidos, na França, seja lá aonde for, não haja exigência de diploma de graduação para se exercer a profissão. Temos que crescer e deixar essa nossa ridícula cultura de lado, sobre o que é bom para eles é bom para nós também. A cultura desses países obviamente é outra. O nível de responsabilidade está mais vivo no seio das populações. Em alguns países a palavra do homem tem muito valor e não existem tantos papéis assinados. As pessoas em geral sabem escolher melhor seus governantes e já existe uma cobrança implícita, mais forte, sobre o desempenho da função pública e do uso do dinheiro do povo. E outras coisas mais.
Brasil é um país que se diz emergente. A maquiagem de uma aparência melhor se faz presente em todos os segmentos. Faz parte de nós esse procedimento. Por isso e certamente no caso do exercício do jornalismo, ainda necessitamos de pessoas bem formadas e bem treinadas para tal e com uma vocação, um dom específico. O pior é que, salvo um ou outro, esses cursos superiores de jornalismo no Brasil, ainda não estavam e nem estão num nível de excelência. Quando se recebia o diploma, o novo profissional que tinha seu registro do Ministério do Trabalho, ainda tinha muito a aprender.
Imagine-se, pois, se houver dispensa generalizada do diploma e se colocar no exercício da profissão, alguma pessoa despreparada, porque não basta somente saber escrever muito bem e falar tão bem quanto. Jornalismo é uma profissão extremamente política e sem uma estrutura fortalecida no Brasil. Os jornalistas sabem o quanto é difícil fazer uma carreira degrau por degrau até se conseguir firmar o nome com respeito e dignidade.
Evidentemente, o jornalismo nunca foi uma profissão valorizada no País, especialmente pelos diversos governos que já passaram por aqui. O que vai acontecer agora, após essa decisão da Suprema Corte? É difícil de se prever. Mas, se de fato a não exigência do diploma prevalecer, com certeza haverá um desestímulo na procura pelos cursos superiores de jornalismo. Afinal, para quê estudar técnicas, aperfeiçoar o idioma pátrio, aprender a falar melhor, a entrevistar, a ler nas entrelinhas, a olhar os bastidores de um fato, se teoricamente qualquer um poderá se candidatar à profissão? E com pouco esforço.
Mesmo que as empresas de jornalismo prefiram os profissionais diplomados e registrados nos órgãos competentes, sempre haverá o risco de uma “celebridade” incompetente, indicada por alguém poderoso, tomar o lugar de alguém que esquentou os bancos de uma faculdade. Estamos no Brasil e disso ninguém poderá discordar. Aqui ainda prevalece muito a cultura do apadrinhamento. Do amigo, do interesse em se colocar alguém em algum lugar para que execute uma tarefa no mínimo estranha.
O Supremo colocou a profissão em crise. Só Deus sabe se o exercício do jornalismo não ficou a um passo de uma total distorção ou se já está distorcido. Conquistas e garantias de mais de 40 anos foram colocadas por terra, em nome de uma abertura de leque não se sabe com que objetivo e com base em dizeres da Constituição. Mas isso não faz sentido porque na própria Constituição Brasileira há muita coisa que nunca foi exercida e que vai levar ainda dezenas ou centenas de anos para que aconteça.
O fato é que a figura do jornalista incomoda e muito. Especialmente aqueles que são fiéis à verdade e buscam freneticamente por ela. Esse negócio de esclarecer fatos para a população, mergulhar fundo em certas lamas ou cobrar de autoridades os atos para os quais ali foram colocados, obviamente não agrada, num país como o nosso, onde milhões mal sabem pegar num lápis e só conhecem a letra “O” porque os copos têm a forma arredondada.
De qualquer modo não nos precipitemos em julgamentos. Nem vamos ligar para a história de que jornalista é semelhante a importantíssima profissão de cozinheiro. Jornalistas sabem que também “COZINHAM” matérias quando necessário.
Vamos então aguardar e torcer para que num futuro breve não tenhamos um monte de jornalistas desavisados, despreparados, sem noção, aprendendo um mínimo na “tapa”, falando e levando informações a milhões de brasileiros ainda mais ignorantes.
Marcos Bas (ou na verdade, Marcos Guedes)
Um comentário:
Esses ministros do STF apenas comprovaram que são um bando de imbecis, pra não dizer outra coisa. Se o objetivo era liberdade de expressão, por que então não fizeram algo contra o monopólio dos grupos de comunicação? Cinco no Brasil e Cinco no mundo todo?
Se gostam mesmo da tal liberdade de se expressar, por que motivo os "Excelências" ficam tão enfurecidos a ponto de encerrar uma sessão na qual foram chamdos de "não estarem nas ruas" ou de votarem de acordo com interesses "estranhos"?
Fora o atestado passado, não creio que as coisas mudarão muito. Se já está difícil encontrar "jornalistas" com formação acadêmica, imagina sem tal preparo? Agora. só o tempo dirá!
Narcos, parabéns pela análise!
Evandro
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