quarta-feira, 10 de março de 2010

Educação Mumificada

TEXTO DEDICADO A TODOS OS BONS EDUCADORES QUE EXISTEM NO BRASIL

Poucos sabem e talvez muitos não saibam. A legislação brasileira ainda permite que candidatos a cargos eletivos participem incólumes de suas campanhas, mesmo que estejam rodeados de processos na Justiça. Dias atrás, uma emissora de rádio de Brasília lembrava mais uma vez o assunto. E, pior, mesmo que o candidato esteja mergulhado em inquéritos relativos a crimes mais graves, inclusive os de assassinato.
Há um projeto de lei rolando na Câmara Federal, para regular esta situação incrível, que vem sendo chamado de “projeto da ficha limpa”. Tudo indica que o mesmo ainda rolará por muito tempo, empurrado com a barriga de quem não tem o menor interesse em construir este País de forma sadia, mas que infelizmente está aí belo e faceiro ocupando cargos de poder. Cargos que, determinados por ancestrais da inusitada política nacional, oferecem muitos privilégios, dentre os quais se destaca a “grande proteção” da imunidade parlamentar.
Este ano, neste blog, foi postado apenas um texto no dia 1º de janeiro. “Essa vida de todos os dias” não deixou de ser observada por este espaço criado na internet. E a conclusão a que se chegou foi a de que nada mudou de verdade no que se refere em geral ao nosso comportamento do dia a dia por este Brasil afora. As mesmices de anos e anos se repetiram nesses 60 dias. Mesmices desagradáveis, que só fazem piorar a qualidade da vida humana, que passa tão depressa. E muitas dessas mesmices ligadas, sem dúvidas, a nossa falta de educação e à ausência de uma cultura de mais respeito ao cidadão brasileiro.
Assim, vimos repetidas de janeiro até agora as mesmas violências urbanas, que resultam em mortes estúpidas, os mesmos problemas da saúde, do transporte e outros do cotidiano. E assistimos todos os dias aos “shows” da cara de pau e das mentiras absurdas, que pretendem nos tornar idiotas, promovidos por muitos (isto para não radicalizar) de nossos políticos e governantes, eleitos pela maioria de nós. Nós, os sempre cidadãos “ordeiros” e “cordiais”, como costumam nos apelidar. Sim, porque isto já está mais para um apelido, uma tarja, um rótulo de um produto fabricado, do que para um elogio a um povo. Aí, só lembrando o José Simão, do Monkey News, com suas notáveis gozações sobre a cena brasileira. Talvez por isso sejamos levados a rir de todas essas desgraças, para não levá-las tão a sério e depois cairmos duros, mortos pelo infarto. De raiva.
Voltemos agora ao parágrafo inicial desta postagem, que é o seu tema básico de hoje. É lido, corrido e sabido, não sabemos se por poucos ou por muitos e neste último caso a coisa fica mais séria, que a lei no Brasil sempre oferece brechas para muitos safados se safarem de suas sujeiras praticadas e, lógico, quando pegos em flagras obtidos com os modernos meios tecnológicos de som e imagem. Embora as coisas estejam mudando sensivelmente, ou seja, algumas podridões já são detectadas e seus produtores já são indiciados e, em alguns casos, até presos (presos ???!!!), muita coisa ainda precisamos fazer por nós, a parcela do povo que trabalha, produz e paga os impostos exigidos pela mesma legislação que permite a esperteza de poderosos.
É engraçado perceber que tais pessoas, que infectam o solo brasileiro e atiram lama em nosso maior símbolo nacional, da Ordem e do Progresso, conseguem enrolar, adiar, empurrar adiante as suspeições de práticas de crimes contra o patrimônio público. Conseguem fazer isso, obviamente, com extrema dose de cara lisa, de “indignações” prontas, utilizando-se de “bons” e “famosos” advogados para eles, pagos regiamente (eles têm dinheiro para isso), embora para o restante da população tais defensores só fazem prestar um desserviço público.
Além dos terremotos que têm ocorrido pelo mundo todo neste início de ano e as chuvas torrenciais que têm feito a desgraça de muita gente brasileira neste verão, um fato está sacudindo o Brasil no momento atual. A prisão, ou melhor, a detenção, melhor dizendo, do governador do Distrito Federal, em fevereiro passado.
Mais uma entre milhares de coisas estranhas que acontecem no meio político do País. Se o senhor José Roberto Arruda recebeu ou não o dinheiro, em ato flagrado por um vídeo mostrado centenas de vezes pela televisão, isto só ele e Deus é que sabem. Com certeza jamais saberemos de fonte limpa. E com certeza ele jamais ficará preso por muitos anos. Tem sido assim sempre. Aos poderosos que lesam o patrimônio nacional, seja do modo que for, nunca se consegue acusar frontalmente e diretamente. São e por muito tempo serão tratados apenas como “suspeitos” dos fatos que emergem do lamaçal.
E, no meio dessa confusão e do circo armado, ficamos nós, os pagantes dos ingressos. Sim, porque nós pagamos e eles atuam. Alguns pagantes o fazem com revolta, mas muita gente parece pagar com satisfação, enaltecendo esses espetáculos. E a peça, que deveria mais ser censurada, não o é, especialmente quando uma parcela dos pagantes se diverte e até aplaude seus verdadeiros ídolos, que, geralmente retornam em uma próxima temporada.
A quantos espetáculos chatos como esses ainda teremos que assistir? Verdadeiros shows da vergonha, que se eternizam mais do que algumas maravilhosas peças de teatro que ficaram em cartaz por 30 ou 40 anos na Broadway em New York.
Resumindo a ópera nacional: temos muito a aprender para fortalecer a cultura brasileira com valores melhores de respeito ao cidadão, ao ser humano. Por enquanto a nossa educação ainda continua em baixa, talvez com alguns progressos a passos lentos devido ao esforço de pessoas entusiastas com o assunto. Faz tanto tempo essa situação que em pouco tempo a nossa educação vai ficar tão famosa quanto à múmia do faraó egípcio Tutankhamon. Mumificada e conhecida mundialmente.

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