quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Um piano afinado soa bem melhor

Há quase dez anos, exatamente de 1999 para o ano 2000, o mundo se preocupava com o chamado “bug do milênio”. Ou seja, as preocupações giravam em torno da virada do segundo para o terceiro milênio. Números, datas, computadores, etc, como funcionariam no fechamento do século XX, para a chegada do século XXI – o primeiro do terceiro milênio. Os governos do mundo todo investiram em tecnologia e em pessoal para que nada fosse perdido e a passagem da data fosse perfeita. A informática tornou-se o foco principal. Seria o “caos” a perda de tantas coisas importantíssimas, tantos dados. Mas, sabe Deus, se não teria sido melhor perder algumas memórias deste mundo. Não é de causar espanto que, quando o Homem quer, tem interesses imensos, ele enterra dados, memórias e tudo o que for possível. Com “bug” ou sem “bug”.
Mas, como o tempo está mesmo passando depressa, podemos dizer que já estamos caminhando para o final da primeira década do século atual. O próximo ano já é 2010. O tal do “bug” ficou para trás, no esquecimento. Agora, as preocupações são outras, muito mais complexas. Todavia, apesar da rapidez do tempo, ainda nos utilizamos e vivemos, mesmo que com algumas mudanças já evidentes, de coisas do século passado, especialmente dos últimos anos do final do segundo milênio. Afinal, a maioria de nós procede de lá. Como disse o compositor Belchior, em sua música do século passado, “ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”. E ainda somos. Mesmo que cheiremos uma tonelada de cocaína por ano, mesmo que matemos jovens em portas de boates, mesmo que fiquemos com uma garota a cada dia. Ou um garoto.
Os seres humanos do século XXI ainda são crianças. São agora as figuras mais jovens no planeta, os primeiros nascidos no terceiro milênio, pouco mais de dois mil anos da passagem de Jesus Cristo por aqui. Essas crianças não passaram dos dez anos de idade, embora já respirem toda a moderna tecnologia do mundo, as novas idéias (novas e boas, obviamente) e, sobretudo, a internet – uma das mais velozes formas de comunicação até a presente data e com características próprias.
Mas, o que de fato mudou para melhor nesses últimos anos? O que mudou de verdade no ser humano em relação ao ato de viver? O que continuamos carregando de bom?
Viver, este blog defende, continua sendo uma das melhores coisas que pode acontecer ao ser humano. E que coisa boa esse ato de viver, simples na sua essência. Não estamos ligados em nenhuma tomada e ainda não pagamos conta para respirar o ar que nos rodeia. Coisa boa esse viver simplificando as alegrias, procurando caminhos menos complicados. Procurando ter apenas o suficiente para ser feliz. Largando de lado os excessos, que só trazem dores de cabeça. Malas sem alças. Vivendo intensamente cada dia da vida, como se fosse o último a acontecer. Intensamente de amor pela vida, pela preservação dela. Deixando de lado aqueles que de modo algum querem saber desse tipo de intensidade.
Mas, o que é o suficiente para se ser feliz? Um sorvete, dinheiro no Banco, um carro, um abraço, ser amado por alguém ou amar a esse alguém? O suficiente depende do ponto de vista de cada um, claro.
Porém, como dizem que, “o que importa é ser feliz”, então vamos em frente para conferir os resultados lá adiante. E sem esquecer que tudo passa rapidamente, tentemos fazer do tempo um tempo bem melhor. Sem esquecer também que, este fazer do tempo, vai gerar sempre uma variedade de conseqüências. Que podem ser boas ou ruins. Todo mundo sabe disso, mas finge que não sabe ou se faz de bobo. É aquela mania de teclar na mesma tecla do piano, mesmo na que desafina, mesmo que estejamos caminhando para o ano 3000.


Nota: Bug é um jargão internacional usado por profissionais e conhecedores de programação, que significa um erro de lógica na concepção de um determinado software.

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