Como foi dito na postagem de 19 de abril, “este blog não acabou; apenas uma pausa para descanso dessa vida de todos os dias”. No entanto, essa pausa poderá ser eterna se quisermos descansar dessa vida de todos os dias, perturbada por esse turbilhão de absurdos que vêm acontecendo por esse Brasil afora. Por isso, não há como descansar. Há que se viver, ou melhor, arranjar o melhor jeito para se viver. Teríamos todos que dar aquele famoso jeitinho brasileiro? Será por isso que se caminha, fazendo de conta que está tudo bem? A aparência de que tudo está bem é mesmo predominante em nossa cultura? Responda quem puder.
Do jeito que as coisas estão, a impressão que se tem é a de normalidade. Tudo parece estar sendo normal, fala-se aqui dos absurdos que são praticados, da inversão total dos valores humanos, da dignidade que deixou de ser digna, da moralidade e da ética propaladas e que se contorcem em suas regras antigas. Essas coisas acabam fazendo parte dos costumes.
O Brasil está pelo menos estranho, aliás, o mundo está ficando esquisito. Mas como estamos aqui, em solo pátrio, analisemos a nós. Cuidemos de nós. Que os outros, de outros lugares, cuidem de si.
É óbvio que cada um deve cuidar de si. Tentar o melhor da vida para si próprio. É até como se fosse uma lei fundamental da vida. “Cada um faça a sua parte”, é uma expressão da atualidade. Todavia, ninguém explica claramente o que significa essa “parte”. Ora, obviamente, entre muitos significados, podemos resumir que “cada um cumpra com os seus deveres”, trabalhando, sendo honesto, cumprindo as regras estabelecidas e cuidando da sua vida e da sua família.
Mas, existe um “porém” nisso tudo. Fazer essa “parte” pode estar causando a sensação de idiotice a muita gente que tenta. Ruy Barbosa, um dos grandes nomes da história brasileira, já vivia em sua época o dilema honestidade/idiotice, o que parece mostrar que essa cantiga da perua vem de longe. Só que agora, com muito mais gente, parece ter se transformado num grande forró.
Não podemos esquecer que o ser humano pensa e tem inteligência, por mais humilde que seja, para não dizer, mais ignorante das coisas desse mundo. Como dizia um antigo professor de Física, no Rio de Janeiro, que ensinava aos alunos da Escola Naval, “não podemos confundir balde de gari com Garibaldi”. E é nesse ponto que muita gente subestima milhares que não usam paletó e gravata. E o melhor de tudo é que por aqui ainda tem muita gente que pensa. Não aceita kit pronto.
Este blog já disse há pouco tempo e volta a repetir: o noticiário brasileiro está um verdadeiro festival de horrores. Muita gente diz que não há uma notícia que presta. Mas, não há que se questionar a notícia e sim o fato que gera a notícia. Seria essa montoeira de lama, de corrupção de gente fina e de gente grossa, de problemas das mais variadas naturezas, de irresponsabilidades irrestritas, etc, tudo invenção de jornalistas?
Escândalos nos governos e fora deles se sucedem, a cara de pau parece ter se tornado a face verdadeira de muita gente; criminosos são presos e logo são soltos; a droga corre solta e ninguém consegue segurar quem de fato segura os grandes volumes de dólares e euros trocados por ela; não há presídios, cadeias, celas, delegacias suficientes para colocar essa montoeira de pilantras que transitam pelo País; o habeas corpus tornou-se a palavra de ordem.
E aqui, nomes não são citados porque não é necessário isso. As notícias gritam nomes e fatos. E ninguém é surdo. Ademais, escrever-se aqui ou citar nomes, ou alguns deles, seria tal qual perda de tempo. Muito cansativo ou repetitivo e talvez congestionasse até a internet.
O principal aqui é se dizer que, aquilo visto, lido e ouvido nos noticiários, parece ser um sonho ou pesadelo. Você escolhe. Ou talvez já seja um modo educativo contemporâneo ou de lazer terrorista moderno, dentro da grade de programação das emissoras, no caso das TVS. A parcela da população que ainda idiotamente “faz a sua parte” fica com os nervos em frangalhos. A outra parcela é composta certamente pelos produtores, atores e demais participantes do cenário de horror lamacento. Estes estão sempre bem, para eles não há crise, não há falta de nada, está tudo bem, é tudo mentira, é brincadeirinha de um faz de conta do primeiro de abril. E se alguém ousar duvidar que as coisas não estejam muito bem, eles gritarão em coro o título daquela peça teatral: “TUDO BEM, NO ANO QUE VEM!”
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