quarta-feira, 20 de maio de 2009

Felicidade à brasileira

O povo brasileiro é um povo feliz. Quanto a isso não parece haver dúvidas. Somos um povo hospitaleiro, cheio daquelas alegrias tradicionais regadas à cerveja. É visível o nosso bom humor. Em geral, estrangeiros vindos ao Brasil sempre percebem isso. Lá fora, em muitos lugares, a coisa é meio fria, até monótona muitas das vezes por emoções diferentes das nossas. Aqui temos tiroteio em praça pública, mas a maioria é honesta e trabalhadora.
Mesmo nos momentos mais estressantes, conseguimos achar um jeito de rir da própria desgraça. Isto de fato não é para qualquer povo. Como bons latinos, somos quentes. Um pagode, um trio elétrico, um bater de tambor nos coloca em polvorosa. Somos emoção à flor da pele. Temos sol, temos belas praias e belas bundas. Pena que já conseguiram espantar os sabiás das palmeiras. E o poeta deve ter ficado triste lá no além.
Até ficamos com raiva quando alguma coisa nos tira do sério. Esbravejamos, gritamos, fazemos passeatas, mas logo, outra paixão nos atira para outros rumos. Novas promessas nos tornam crédulos. Acreditamos. Sempre. Um exemplo simples? Acreditamos nas operadoras de telefonia e, se bobear, ainda em Papai Noel. E nem sempre percebemos que estamos sendo ferrados. Somos um povo “ordeiro”. Os governos sempre nos dizem isso. Aliás, não poderia ser diferente. Em nossa bandeira está lá a expressão Ordem e Progresso. E assim vamos vivendo. Nossa Elza Soares completaria: “de AMOOOR....”
E tudo isso não poderia ser diferente para encarar a imensa farra, a farra geral que acontece por aí, diante dos nossos narizes, em nosso cotidiano.
Seguramente, a maior farra do Brasil, é a farra com o dinheiro público. Quanto a isso, não é preciso dizer mais nada, já que a imprensa quase todos os dias aponta um caso ou outro de uma farra dessa natureza por esse imenso Brasil. E isto, quando lhe é permitido fazer, afinal, todo canal de comunicação – rádio, televisão ou mesmo a mídia impressa, é uma concessão do governo.
E de farras em farras, vamos vivendo. As farras das passagens aéreas do nosso Congresso Nacional, as diversas farras das impunidades, as dos mensalões, as dos foros privilegiados, a farra das nossas rodovias sem manutenção adequada, ou da falta de leitos em nossos hospitais e mais uma cascata de farras promovidas pela falta de responsabilidade ou pelo descaso, ou pelo fato de “estar se lixando” para tudo e todos em todos os quadrantes do território nacional. Deve existir alguém que não se lixa ou que pelo menos tenta não se lixar.
E assim caminhamos nessa felicidade tropical, até mesmo com as severas mudanças climáticas já evidentes. Tempestades que vêm aumentando de intensidades a cada ano que passa, ou projetos de furacões e tremores de terra até então inimagináveis em nossa terra. Éramos um país dito abençoado pela ausência desses.
Porém, como todos que navegam no mesmo barco, têm que remar, sigamos nosso rumo. Sempre para frente, pois quem anda ao contrário é caranguejo. Para frente e felizes, procurando a felicidade no meio da ventania. Felicidade à brasileira é um prato único, que, obviamente, só é encontrado por aqui.

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