quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Nada cai do céu. Muito menos o amor.

Na verdade, tudo começa na família. Entre outras coisas, o amor e o tempo. O amor, ninguém nos ensina. Ao contrário, ele vem em forma de doação desde quando somos gerados, de preferência bem vindos e a partir do momento em que despontamos para a vida. Se recebermos, saberemos dar ou aprenderemos ou não com os tropeços da vida.
Quanto ao tempo, este a gente tem que fazer, tem que produzir. Tempo perdido é vida perdida, ou parte desta perdida. O tempo passa rápido, principalmente quando não produzimos nada de útil. Especialmente quando estamos sobrecarregados, cheios de tarefas consideradas importantes e não podemos nem falar ao telefone com um amigo.
O amor por algo ou alguém, sempre nos torna de grande utilidade na vida. Não deixa de ser complicado, pois dá algum trabalho o exercício do amor. É doação. E o ato de doar exige ausência de egoísmo.
Neste dia, em que começamos mais um ano cheios de esperanças, este blog resolveu passar como mensagem de Ano Novo, o desejo do Amor. E a história abaixo contada, provavelmente muito mais real e comum do que a gente possa imaginar, oferece para nós, em palavras simples numa narrativa mais do que direta, uma grande lição sobre a questão do Amor. Esse mesmo amor que, a cada final e início de um novo ano, é o alvo, é a busca eterna para dias melhores. Fica a certeza de que, um mundo sem amor é um mundo sem dignidade e respeito. Feliz de quem consegue enxergar a simplicidade da questão, como o autor do referido texto que se segue, que sofreu na pele a experiência da falta de amor e aprendeu, sozinho, a necessidade dele.
Essa história veio anexada num email. O autor da história não assina o texto. Pena, pois a narrativa é feita num bom português. Clara e bem encadeada. De qualquer forma, o texto está transcrito entre aspas. De qualquer modo, uma bela coisa que circulou pela internet. E mostra, perdoem a redundância, que todo o desamor pode começar no início da vida.
Este blog não precisa dizer mais nada. Apenas deixar que as pessoas reflitam. FELIZ ANO DE 2009.


“Como se escreve…?

Quando eu tinha somente cinco anos, a professora do jardim de infância pediu aos alunos que fizéssemos um desenho de alguma coisa que amávamos.
Eu desenhei a minha família. Depois, tracei um grande círculo com lápis vermelho ao redor das figuras.
Desejando escrever uma palavra acima do círculo saí de minha mesinha e fui até a mesa da professora e disse:
- Professora, como a gente escreve…?
Ela não me deixou concluir a pergunta.
Mandou-me voltar para o meu lugar e não me atrever mais a interromper a aula.
Dobrei o papel e o guardei no bolso.
Quando retornei para casa, naquele dia, me lembrei do desenho e o tirei do bolso.
Alisei-o bem sobre a mesa da cozinha, fui até minha mochila, peguei um lápis e olhei para o grande círculo vermelho.
Minha mãe estava preparando o jantar, indo e vindo do fogão para a pia. Eu queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para ela e disse:
Mamãe, como a gente escreve…?
- Menino, não dá para ver que estou ocupada agora?
Vá brincar lá fora. E não bata a porta, foi a resposta dela.
Dobrei o desenho e guardei no bolso.
Naquela noite, tirei outra vez o desenho do bolso. Olhei para o grande círculo vermelho, e peguei o lápis.
Queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para meu pai.
Alisei bem as dobras e coloquei o desenho no chão da sala, perto da poltrona reclinável do meu pai e disse.
- Papai, como a gente escreve…?
Estou lendo o jornal e não quero ser interrompido.
Vá brincar lá fora. E não bata a porta.
Dobrei o desenho e o guardei no bolso novamente.
No dia seguinte, quando minha mãe separava a roupa para lavar, encontrou no bolso da calça, enrolados no papel, uma pedrinha, um pedaço de barbante e duas bolinhas de gude.
Todos os meus “tesouros” que eu catara enquanto brincava fora de casa. Ela nem abriu o papel. Atirou tudo no lixo.
Os anos passaram.
Quando tinha 28 anos, minha filha de cinco anos fez um desenho.
Era o desenho de sua (minha) família.
Sorri quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e me disse:
- Este aqui é você, papai!
Olhei para o grande círculo vermelho feito por minha filha ao redor das figuras, e lentamente comecei a passar o dedo sobre o círculo.
Ela desceu rapidamente do meu colo e avisou:
Eu volto logo!
E voltou. Com um lápis na mão.
Acomodou-se outra vez nos meus joelhos, posicionou a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho e perguntou.
- Papai, como a gente escreve amor?
Abracei minha filha, tomei a sua mãozinha e a fui conduzindo, devagar, ajudando-a a formar as letras, enquanto dizia:
Amor... Amor, querida, se escreve com as letras T… E…M…P…O (TEMPO).
Conjugue o verbo amar todo o tempo.
Use o seu tempo para amar.
Crie um tempo extra para amar, não esquecendo que para os filhos, em especial, o que importa é ter quem ouça e opine, quem participe e vibre, quem conheça e incentive.
Não espere seu filho ter que descobrir sozinho como se soletra amor, família, afeição.
Por fim, lembre-se:
se você não tiver tempo para amar, crie.
Afinal, o ser humano é um poço de criatividade e o tempo…
…bom, o tempo é uma questão de escolha.”

(autor desconhecido)

3 comentários:

Roberto Guedes disse...

magnifico

Anônimo disse...

Marcos, obrigado por me revelar esse texto maravilhoso, de autor desconhecido, que me faz lembrar a composição de Gilberto Gil:
"Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Oh Tempo Rei!
Transformai
As velhas formas do viver
Ensinai-me
Oh Pai!
O que eu, ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo
Socorrei!..."
Feliz 2009, meu amigo!
Eurico

Anônimo disse...

Muito bom!

Kleise