Não vai muito longe o tempo em que aconteciam tragédias eventuais, por acidente mesmo. Havia menos gente, no Brasil e no mundo. As relações humanas eram mais valorizadas e os valores morais e éticos tinham mais chances de serem preservados. Não havia o consumismo desenfreado, porque também não havia tantos “modernismos” a serem consumidos quase que obrigatoriamente. Todo mundo tinha mais tempo até para pensar, pois não existiam tantas ofertas de desvios de consumo.
Havia problemas que existem até hoje, mas em menor escala. E como tudo parecia mais calmo, as autoridades em geral não davam muito bola para aquelas questões, já que não causavam tanto reboliço na sociedade. Eram problemas isolados e a notícia não era tão veloz. Todavia, com o progresso, com a velocidade de tudo gerada pela modernidade, parece que passamos da eventualidade das tragédias para a estupidez das mesmas.
O que era mínimo, com menos gente envolvida, virou, não uma bola de neve, mas uma verdadeira avalanche. Vivemos agora uma sociedade esmagada por tantos erros acumulados do passado e que, no presente, continuam infernizando a vida de todos que buscam a paz e a qualidade da vida. Da vida que mereceria ser vivida de modo digno, se não tivéssemos atingido um estágio tão podre de falta de respeito, de falta de educação para a convivência com o semelhante. Para o verdadeiro exercício da cidadania, tão badalada na ocasião prévia das eleições.
Melhor certamente a selva atualmente, com a sua pureza natural que o homem insiste em envenenar. Nas cadeias dos chamados irracionais, mata-se para o alimento, de certo modo para a preservação da vida. Na cadeia do dito racional, fere-se o outro igual, mata-se até, para enriquecer, para usurpar, para ser o “todo poderoso”. Que animal é este, o Homem? “Todo poderoso” de que? Vai morrer e vai feder, desgraçado, mesmo que colocado em urna de ouro cravejada de diamantes!
E assim vamos assistindo a esse noticiário de horror diário, que acontece bem ao nosso redor, onde a violência até gratuita se espalha, onde crianças estão sendo mortas ao acaso, onde o ser chamado de “humano” coloca para fora toda a sua bestialidade ou sabe-se lá as suas frustrações mais íntimas.
Estamos chegando a um ponto em que até autoridades estão ficando com cara de bunda diante dos microfones da mídia, para explicar atos insanos e de despreparo total das forças de segurança pública, que são pagas por nós para nos, digamos assim, “proteger-nos” dos incautos.
Falou bem a colombiana Ingrid Betancourt numa de suas entrevistas, após ter sido libertada do cativeiro. Entre outras palavras ela disse que na selva havia obviamente os animais ferozes e venenosos. Mas nada a apavorava mais do que os homens e a sua capacidade de fazer o mal.
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