domingo, 28 de setembro de 2008

Doces, de ontem e de hoje

Ontem, 27 de setembro, foi o dia de Cosme e Damião. Alguém lembra disso? Talvez o pessoal mais maduro lembre. Possivelmente os adeptos da umbanda devem lembrar. O dia dos santos que eram crianças. Mas, não quero falar de religiosidade, de santos. Quero falar apenas de crianças. As de carne e osso.
Volto ao meu tempo de menino no Rio de Janeiro. Naquela época, pouco mais de cinqüenta anos passados, o dia 27 de setembro era aguardado pela meninada, pelo menos aquela que vivia nos subúrbios cariocas, com uma certa expectativa, talvez até uma certa ansiedade. Era o dia de comer doces. Cocadas, pés de moleque, balas, bombons, bolos, balas e toda a sorte de guloseimas. Muita gente “dava” doces nesse dia. Meninos e meninas, após a volta da escola, ficavam de olho nas casas da vizinhança, esperando um sinal da dona da casa, de que estava na hora de distribuir os saquinhos cheios daquelas coisas boas. Alguns nem almoçavam, outros não queriam ir à escola. Algumas casas, a fim de garantir a boa ordem na distribuição dos doces, espalhavam em dias anteriores, pelas redondezas, um cartãozinho com o local e hora da entrega esperada.
Na verdade, naquela época, o dia 27 de setembro superava o Dia da Criança, comemorado em 12 de outubro, mas que não tinha a intensidade da comemoração que tem hoje. O negócio bom era a distribuição farta de doces de graça. Adultos nessa ocasião pagavam promessas feitas aos dois santos e a forma era “agradar” as crianças. Mas, a garotada não sabia disso de fato. Poucos sabiam e entendiam. A maioria queria somente os doces e a diversão. Poderíamos dizer que era uma data no calendário. Pelo menos no do Rio de Janeiro.
No entanto, como o tempo passa e tudo muda, hoje em dia creio que os meninos não sabem que isso um dia aconteceu. Creio que hoje esperam mesmo o Dia das Crianças para ganhar presentes que vêm nos anúncios da televisão e nos shoppings. Do que já pude observar, ganham hoje presentes de modo mecânico em sua maioria. Os menos favorecidos provavelmente acabam frustrados. Talvez alguns poucos sintam aquela verdadeira e inocente alegria por receber algo tão esperado para brincar.
O 27 de setembro só movia o comércio dos doces. O dos brinquedos ficava chupando os dedos. Alguns gatos pingados abonados compravam brinquedos por conta do 12 de outubro. Voltando a essa época dos doces distribuídos, uma coisa que me marcou muito foi ver que a carência sempre foi uma tônica em nossas populações menos favorecidas. Lembro-me que muitas mães vinham de longe, armadas de grandes sacolas, junto com seus filhos em busca das casas que estavam distribuindo aquela fartura de doces. Havia uma verdadeira disputa para ver quem conseguia obter mais saquinhos. Pode ser que tenha sido aí que essa festa, essa alegria para as crianças, tenha começado a acabar. Os que distribuíam doces, talvez com medo de acontecer uma tremenda luta por doces, começaram a desistir e passaram certamente a fazer outros tipos de promessas. E o comércio dos brinquedos certamente agradeceu.
De qualquer modo foi um tempo que ficou na lembrança. Na essência, uma boa lembrança. Não se ouvia falar de tantas crianças que cheirassem cola, usassem drogas, portassem armas ou metessem a porrada em professores em salas de aula. A população era menor e o respeito era mais considerado. Passados os anos, surgiram novas idéias, muita gente nasceu, organizações ditaram novas regras, o mundo globalizou e...Bem, Cosme e Damião desapareceram. Se eram santos e ainda o são, devem estar no céu, bem quietinhos. Tem gente que ainda garante que eles continuam protegendo as criancinhas de hoje. Tomara. Só que dois não bastam. Se for o caso, vamos precisar de um batalhão de meninos santos. Que desçam do céu então!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Obrigado e cuidado para os ursos não te lamberem

Hoje somente vou agradecer. Dizer OBRIGADO a quem se dá ao trabalho de vir até este espaço e ler o que escrevo a título de refletir um pouquinho sobre a vida. Gostaria que as pessoas colocassem mais suas opiniões ou reflexões sobre o que quisessem, mas reconheço que não é muito fácil esse processo.
Não abordo assuntos ou faço determinadas colocações porque sou uma pessoa “certinha” ou “boazinha”. Aliás, odeio esses títulos. São verdadeiros tiros de misericórdia. É melhor um bom xingamento. Como eu mesmo faço em algumas ocasiões.
Sempre gostei de questionar algumas coisas. Talvez herança de meu pai. Provavelmente porque sou jornalista. Aceitar tudo como vaquinha de presépio nunca foi comigo. Alguns temas me fascinam e me envolvem. Até pisei um pouco no freio por conta de conselhos de alguns bons amigos. Afinal, por que enfartar, não é mesmo, se quem nasceu para encher o saco dos outros vai continuar enchendo até o final de tudo? Por outro lado, creio também que não podemos ficar com mordaça na boca. Não vim a este mundo somente para me divertir. Tenho certeza. E o trabalho não precisa ser grandioso, desses que se colocam placas com nomes.
Creio também que não vou mudar e que não vou conseguir mudar nada. Apenas idéias, trocadas, assimiladas e digeridas, é que podem formar uma nova consciência em qualquer grupo. É um trabalho conjunto. O mundo hoje, digamos, está um pouco “confuso”, para não dizer outra coisa que possa parecer pior. Por isso, reafirmo, mudanças para melhor não dependem de um ou dois, dependem de todos nós juntos. Que nem resultado de eleição. O problema é que é muita gente para reunir e unir.
Olhando para trás, não posso deixar de me lembrar de pensamentos dos grandes pensadores e escritores que passaram por este mundo. Exemplifico citando Platão, Sócrates, Aristóteles, para não falar de uma imensa lista. No Brasil, grandes escritores deixaram seus pensamentos. Ocorre-me a figura de Mário Quintana. As gerações mais antigas tiveram mais contato com esses nomes. Não sei dizer se os jovens hoje já ouviram pelo menos esses nomes. Converso com muitos jovens e ainda não os ouvi falar a respeito. Não sei se fico com pena ou se é aquela história do “novo que sempre vem”. Bem, cada um é cada um e vamos respeitar. Em todo caso, deixarei abaixo algumas citações interessantes desses autores. Um bom dia a todos, obrigado e tudo de bom por essa vida. Falando sério, tão curta e rapidinha. Até que poderia ser um pouquinho mais longa...Apesar dos pesares, é muito bom viver. Uma verdadeira viagem que pode ser muito legal!

Frases de grandes pensadores:

A vida que não passamos em revista, sem reflexão, não vale a pena viver. (Sócrates)

Só quem entende a beleza do perdão, pode julgar seus semelhantes. (Sócrates)

Pessoas normais falam sobre coisas, pessoas inteligentes falam sobre idéias, pessoas mesquinhas falam sobre pessoas. (Platão)

Se você anda repetindo muito “eu preciso tanto de você” ou “você é a razão da minha vida, cuide-se. (Aristóteles)

A Arte de Ser Bom
Sê bom. Mas ao coração prudência e cautela ajunta. Quem todo de mel se unta, os ursos o lamberão. (Mário Quintana)

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Deixe o carro na garagem...(RISOS)


Nessa vida há muita gente com boas idéias. E muitos trabalham para construir coisas boas, contrariando outros muitos que só estão a fim de se dar bem, ou seja, não fazer nada e ganhar muito dinheiro. Mas, mesmo as boas idéias e o trabalho nem sempre conseguem atingir resultados esperados. Hoje, por exemplo, foi o Dia Mundial sem Carro. Uma idéia muito boa em países onde o povo dispõe de transporte público adequado ou anda, em massa, de bicicleta. Quando nasceu, já encontrou a bicicleta esperando ao lado do berço. Esperar bom resultado dessa campanha no Brasil? É brincadeira!
Não estou falando bobagem. A mídia hoje mostrou a reação do nosso povo, nas grandes cidades brasileiras. Já é um problema cultural. Como fazer as pessoas deixarem o carro na garagem e pegar ônibus ou metrô, ou melhor, como fazer essas pessoas irem de bicicleta para o trabalho ou às compras? Brincadeira! Essa campanha tinha que ter começado quando Cabral aportou por aqui em 1500.
Claro, não havia carro nem bicicleta àquela época do descobrimento do Brasil! Nem vou falar de cidades como Rio e São Paulo, onde há um sistema de metrô e um razoável transporte por ônibus, embora existam milhões de habitantes por lá. Digamos que por lá o transporte público quebre o galho para o povo e ao mesmo tempo seja um sistema caótico no que tange aos congestionamentos. Como esperar que dentre aqueles milhões, alguém fosse pegar uma bicicleta no dia de hoje e ser atropelado no primeiro cruzamento!
Vou falar da capital federal, Brasília, que conheço há anos e bem. A cidade dos automóveis e onde o transporte público eu diria “exótico” em relação às cidades tradicionais do País. Uma cidade com 48 anos de vida e eternos problemas de transporte. Não vou dizer que os governos locais nada têm feito em relação ao problema. Fizeram, o atual está fazendo, mas longe de solucionar a questão a ponto de induzir sua população a usar bicicleta para se locomover ao trabalho. Só para quem não vive em Brasília há anos ou não conhece a mentalidade reinante por aqui. Brasília ainda é e talvez seja por muito tempo sinônimo de automóvel. Quem ainda não tem, se vira para comprar um, mesmo velho. Criou-se até um local de vendas imenso, chamado Cidade dos Automóveis. Arriscaria dizer que quem não possui veículo automotor por aqui, quase não é considerado gente na cidade. É desumano, mas é assim e pode quem quiser dizer que estou exagerando. Carro é título, dá status em Brasília, tal qual o lugar onde se mora e a roupa que se veste. Isso deveria mudar, mas até agora...
Brasília é linda, arquitetura intrigante, traçado moderno com seus largos eixos de rolamento. Uma cidade realmente diferente de todo o Brasil. Deveria mudar sua mentalidade também. Fazê-la de primeiro mundo. Torná-la linda, maravilhosa perante as demais cidades. Dar até exemplo de “cabeça boa”, como pensante que é para o País.
Como então esperar que a capital federal aderisse ao Dia Mundial sem Carro? Mesmo com o atual governo do Distrito Federal anunciando 42 quilômetros de ciclovias, que, no máximo, são utilizadas para o esporte e lazer. Menos mal que seja esse o uso de verdade. Amigos e conhecidos meus já manifestaram o seu “horror” de ter que pegar transporte público em Brasília. Imaginem os engravatados locais chegando aos Ministérios de bicicleta? Vá fazer utopia assim lá...
Seja em Brasília ou qualquer outra cidade brasileira, fazer uso maciço da bicicleta ou do transporte público, será um passo que vai requerer muito trabalho e investimentos. E, sobretudo, mudança de mentalidade que deverá começar por nossas criancinhas. Mudança que deverá usar os currículos escolares da primeira infância. Estou falando sério. Cidadania por completo e não apenas para as eleições. Por enquanto, o que se tem é o que se vê. E quem se utiliza do transporte público que se tem no momento, é porque não há outro jeito. Pendurado ou amassado tem que se chegar ao trabalho. Bicicleta por enquanto só para lazer, esporte de trilhas. Pode ser que uns gatos pingados tivessem coragem de usá-la como transporte do cotidiano.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Valorizar-se e ser feliz na maior idade, eis a questão

Se existe uma coisa que melhorou muito no Brasil, é o tratamento dispensado atualmente ao pessoal da chamada terceira idade. Claro que ainda há resquícios do modo desumano e antigo de se lidar com os mais velhos, todavia, evidentemente, uma nova cultura está se formando em torno do tema. A política, traçada e desenvolvida por governos passados e também seguida e estimulada pelo atual, vem conseguindo atingir seus objetivos. Parece que, finalmente, todo mundo se deparou com a possibilidade de ficar mais velho um dia. Um processo, digamos, irreversível.
Falo em “possibilidade” porque, por mais que lamentemos, um grande número de jovens vem morrendo prematuramente, resultado de inúmeros aspectos negativos do mundo contemporâneo. São os estúpidos acidentes de tráfego, são as drogas, são as guerras urbanas por conta do narcotráfico e outras violências geradas dentro da sociedade moderna. Por isso, agora, passar dos 50 e chegar aos 60 anos de idade, já é motivo de muita comemoração para quem consegue a façanha.
Por outro lado, várias instituições, organizações, fazem várias campanhas em prol das pessoas de mais idade. O “velho” de hoje está longe de ser aquele “velho” dos tempos dos nossos avós. O conceito de “velho” vem se alterando através dos últimos anos, perdendo aquele significado pejorativo de antes. Velho, na verdade, deve ser coisa mesmo para museu e mesmo em museu tem que ser limpo e conservado, senão o museu perde a graça.
As pessoas de mais de 60 anos hoje conquistaram alguns privilégios e não devem e nem têm que reverenciar ninguém por causa disso. Finalmente caiu a ficha em muitas cabeças. Os jovens que aí estão, nunca é demais lembrar que, se estão, é por conta dos mais velhos. O que esses jovens encontram no mundo é o resultado do trabalho de seus pais e avós. E eles não têm outra alternativa a não ser aperfeiçoar esse trabalho, se quiserem um mundo melhor. O bom de hoje em dia é que houve um aumento do nível de respeito em relação às pessoas de mais idade. Não posso deixar de dizer que a mídia também tem colaborado muito nesse sentido.
Noutro dia, dentro de uma matéria sobre o comportamento atual das pessoas mais idosas, detive-me na resposta de um entrevistado. Um homem de mais de 60 anos. A repórter lhe perguntou algo sobre como ele se sentia por ter passado daquela idade. O homem respondeu com firmeza: “sei que estou mais perto da morte, mas não me preocupa isso. Ocupo-me em viver. O tempo que me resta não importa. Só me importo em ser feliz”. Considerando-se que a resposta foi sincera, não há outra opção a não ser afirmar que isso é um sinal de sabedoria, da maturidade verdadeira.
Só resta ainda torcer que essa nova mentalidade, em torno do grupo da terceira idade, sirva para a busca de soluções destinada a uma grande parcela dessa faixa etária. Aquela parcela da população que chega à esse ponto da vida sem recursos para sobrevivência básica, ou com a minguada aposentadoria do INSS ou, pior, sem obtê-la pela total falta de orientação ao longo da vida.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

"Nada como um dia após o outro"...

Creio que ninguém tem dúvidas de que o mundo tem passado por grandes mudanças dos valores humanos. Isso é praticamente óbvio. O que valia ontem, hoje não vale mais, o que era pela manhã, à noite é capaz de ter se transformado. Houve um enorme salto do final do século passado para este século 21. As mudanças tecnológicas são vertiginosas. O consumismo desenfreou. O homem se distanciou do homem. Do contato pessoal passamos ao contato virtual. Ninguém tem tempo. Muitos já não dispõem disso para conversar. Mas, este é o mundo atual, onde o aquecimento global é o tema da moda.
Noutro dia eu escrevi sobre o “novo”, que sempre vem. Ou seja, os tempos vêm com os mais jovens e os tempos se vão com os mais velhos. Nada tenho contra esse “novo”. Creio que quem está vivo deve ter pelo menos um nível de aceitação ao que acaba de chegar. De nada adianta lutar contra a correnteza, embora há momentos em que a gente não pode deixar de sentir saudades de alguns valores do passado. Isso, claro, quem sente são os mais velhos.
Esta semana alguém me dizia sobre a perda dos bons valores, aliás, simples valores que faziam parte do cotidiano, como, por exemplo, dar bom dia, boa noite, pedir “por favor”, dizer “obrigado”, com licença e outras expressões de gentileza e atenção. Fico pensando que tais palavras parecem ter caído em desuso, tal como o curtir alguém, amar alguém, ser feliz por estar amando, tornaram-se coisas bregas, cafonas nos tempos mais modernos. Ou é desse jeito ou então muita gente finge acompanhar esse modismo e no íntimo sente que muita coisa boa não poderia ter acabado. Ora, pensando bem, por que a coisa boa, que faz bem ao ser, tem que terminar, ou melhor, tem que ser suprimida da vida, do cotidiano?
Do mesmo modo, expressões da sabedoria popular (isto então é uma coisa muito antiga, do tempo talvez dos meus avós) parece que desapareceram. Coisas do tipo “mais vale um pássaro na mão, do que dois voando”; “cavalo dado não se olha os dentes”; “nada como um dia após o outro”; e milhares de outras, se ditas hoje, provavelmente soarão como expressões “idiotas”, nem mesmo idiomáticas e muito menos da sabedoria popular. O que não posso deixar de pensar é que, nos tempos idos, parece que o povo pensava e raciocinava mais sobre a vida, até porque esta devia ser bem mais simples. Certamente os valores espirituais prevaleciam sobre os valores do corpo. Não existiam tantos apelos e tantas ofertas para o consumo, que agora é imenso. Aliás, consumo atual de determinadas coisas que, se parássemos para pensar, certamente deixaríamos de lado. O problema é, “parar para pensar”. Por isso que vou encerrar este breve comentário com a expressão antiga “Nada como um dia após o outro!” Se arranjarmos um tempinho para pensar um pouco nessa frase, possivelmente iremos compreender o seu profundo significado. Aquilo que muita gente antiga passou pela vida e conseguiu entender.

sábado, 13 de setembro de 2008

Acredite se quiser, você decide...

(obra maravilhosa do cerrado)
Li hoje, no noticiário pela internet, que o nosso Presidente afirmou em evento, no Rio de Janeiro, que o Brasil “está vivendo um momento maravilhoso”. Em seguida, ouvi em noticiário da Rádio Nacional de Brasília, que a classe média brasileira já atingiu a metade da nossa população, através de uma pesquisa realizada, não me lembro por que entidade. Ou seja, quase 90 milhões de pessoas já devem ter uma renda condizente com essa classe, devem possuir casa e carro próprios, além de ter boa escolaridade e outros atributos que fazem com que vivam uma vida tranqüila e com conforto mínimo.
Não sei, deu-me a impressão que está na hora de se rever urgentemente os conceitos relativos a uma classificação social dessa natureza. Ou então, criar-se um coral para que, nesses momentos ufanistas, possa gritar: “Menos, menos, menos!” Obviamente, essa classe média brasileira não tem nada a ver com a classe média de países do chamado primeiro mundo. Continuo pensando em 90 milhões de seres com vida equilibrada, filhos na escola, poupança no banco, etc. Gostaria dos parâmetros de quem efetuou a pesquisa. De repente a análise foi feita levando-se em conta países da África, alguns da própria América do Sul e outros da Ásia, como por exemplo, a Índia.
Por outro lado, o “momento maravilhoso” que vivemos, talvez seja por conta da descoberta de grandes jazidas de petróleo, seis quilômetros abaixo da superfície do oceano e debaixo da camada do pré-sal, e ainda por outras coisas que o governo tem anunciado como melhorias para a população. Todavia, tenho escutado também muita gente falando que o Brasil está melhorando muito. Tudo bem, não vou querer e não sou pessimista, mas seria bom que essas pessoas explicassem onde e como. Eu não estou querendo contestar. Estou querendo acreditar neste País. De verdade, porque já vi muita gente que acreditou, morrer acreditando.
No dia a dia, na prática, torna-se complicado o crédito a tais afirmativas, quando passamos nas portas de hospitais e observamos que o Sistema Único de Saúde não dá conta de atender aos milhares de sofredores que querem atendimento diariamente. Não dá para se entender o porque, pelo menos as nossas principais rodovias não oferecem o conforto e a segurança necessária ao tráfego intenso sobre elas. Já sei até a explicação: “nossa malha rodoviária é extensa demais, os investimentos necessários são altíssimos”, etc, etc. E aí a solução que melhora um pouco é privatizar o sistema rodoviário e cobrar pedágio aos interessados em passar pelas estradas.
Queria acreditar mesmo que tudo está caminhando para o maravilhoso. Mas sou meio São Tomé, que só acredita vendo ou em alguém que mate a cobra e mostre o pau. Não confundir com outras coisas. Pau aí apenas representa algo concreto, visível a olho nu, real. Enquanto isso, momento maravilhoso mesmo foi o que flagrei com a minha câmera hoje ao final da tarde. Uma flor do cerrado, com toda a seca que Brasília está atravessando nos últimos dias, desabrochou e se mostrou verdadeiramente maravilhosa. Isto sim é puro, verdadeiro, maravilhoso.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Economizar no verão? Compre fósforos e velas.

Dia 19 de outubro próximo, vai começar aquele horroroso horário de verão. Vamos economizar energia. Vamos? Alguns dizem que sim, categoricamente. Outros dizem que sim, timidamente, como nesta semana assisti uma autoridade de Brasília falando sobre o assunto. Todavia, eu só não entendo uma coisa: o por que, a minha conta de energia elétrica e a de todas as pessoas que eu conheço nas regiões onde o horário é implantado, não sofre uma redução em reais naqueles meses de seu funcionamento. Mas nem uns dez centavos a menos! Alguém explique. Se bobear ocorre aumento de tarifa.
Desculpem-me, mas alguém tem que me arranjar algo para fazer, para que não me sobre tempo para pensar. Consegui chegar a uma fase da vida onde o tempo me sobra para raciocinar sobre algumas coisas que a maioria não consegue pensar. O que minha observação pessoal me diz, sobre esse horário implantado no Brasil há mais de 30 anos, é que se trata de um artifício que deixa o povo cansado, desgastado. Incrível porque muita gente hoje reclama que o tempo “está passando muito rápido”. E aí inventaram uma coisa que ainda acelera mais o tempo. Não se trata apenas de uma hora a mais no horário normal.
Trata-se de uma hora a mais, que faz com que façamos tudo numa antecipação louca, que se transforma numa progressão geométrica. Certa vez, li um artigo sobre isso e nunca mais esqueci. Agora, vai falar isso para quem inventou essa modalidade. Surgirão todos os discursos sobre uma hipotética economia de consumo de energia. No fundo, gostaria de saber para onde vai tanta economia assim, que vale a pena manter essa história ano após ano.
Horário de verão, que, na verdade começa na primavera, é muito bom para aqueles que têm privilégios nos horários de entrada e saída no trabalho. Para aqueles que, no horário normal, já começam o trabalho, com muito boa vontade, às 10 da manhã, e com má vontade, por volta do meio dia. E que sempre têm uma reunião de trabalho ao final da tarde, fora do seu espaço físico de labuta. Aí a gente certamente vai encontrar esse pessoal em shoppings ou em locais de “happy hours”. O infeliz que tem que bater ponto, com muita sorte, às 8 da matina, e muitos outros que entram às 6 ou 7 no batente, esses, coitados, já chegam tarde em casa e acordam mais cedo ainda, pois, geralmente, moram lá onde o vento faz a curva. Acostumados no horário normal a acordarem já às 4 da manhã, na verdade são três da madrugada, ou seja, esses vão para o trabalho cambaleando de sono, mas talvez até felizes em prol de tanta economia para o País.
Somos de uma cultura acostumada a copiar coisas de outros países, que geralmente não combinam com a nossa realidade. Sempre me pergunto porque coisas boas de fato a gente acaba não imitando. Por exemplo: sabe aquela coisa de um carro correndo atrás do outro em perseguição louca a outro carro, na via urbana? Pois é, a gente também copiou. Inclusive uma coisa irritante.
É isso aí. O novo decreto para mais um novo horário de verão já está no ar. Que fazer? Quando vão perceber que a incidência solar, mesmo no verão do hemisfério sul, é muito menor em termos de horas do que no hemisfério norte, em regiões que se situam bem acima do trópico de câncer? Economia na sua conta de energia? Só se você viajar o verão inteiro e deixar todos os disjuntores da casa desligados.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

De encontro ao novo

(foto extraída do site da Nasa)


Quando uma criança nasce e logo depois começa a descobrir o mundo que a rodeia, aí começa uma nova época que vai pertencer a uma nova geração. A partir daí, obviamente, a tendência é que o velho vai ficando para trás. É sempre assim. É cruel, mas é sempre assim.
Com o tempo passando, essa criança vira jovem, amadurece e aí percebe que o “novo sempre vem”. Aliás, a letra de uma música cantada pela imortal Elis Regina, já dizia isso. Acompanhar esse novo que sempre vem pode se tornar, muitas das vezes, uma coisa difícil de ser aceita pelos mais velhos. E é nesse ponto que temos de nos convencer de que o novo é o que é presente. O resto, que tinha sido novo, acabou velho e ficou para trás, passou, não existe mais. Pode até ficar a saudade. Mas ninguém pode viver de saudade.
E de novo em novo, chegamos aos tempos atuais, das modernas tecnologias, do mundo globalizado pela velocidade da informação, pelos telefones celulares, pelos velozes aviões que em algumas horas atravessam oceanos e chegam do outro lado do planeta. Chegamos aos tempos dos contatos virtuais pela internet, das mensagens instantâneas enviadas pelos sinais dos celulares. É um novo tempo da pressa, da correria atrás da sobrevivência e da competição. Afinal é sempre muita gente correndo atrás de um mesmo objetivo. Assim chega-se às vezes a um “salve-se quem puder”.
Penso então que não temos muitas alternativas. Ou a gente aceita a nova época, que atualmente sofre mutações muito mais vertiginosas do que em tempos passados, ou corremos o risco de nos tornarmos peças de museu. Quando falo em aceitar, falo no sentido de tolerância. E essa tolerância não significa que tenhamos que seguir todas as regras do mundo moderno, pois haveria momentos em que correríamos o risco de cair no ridículo Por isso sempre é bom ter um espelho por perto. O pior de tudo para nós, que já vivemos algumas épocas novas, é ter que tolerar algumas coisas. Aí é um problema de cada um, bem individual mesmo. Pode ser que assistir a tudo em silêncio seja uma boa solução.
Não sei se estamos caminhando para um tempo onde todas as atividades humanas estão se resumindo a uma tela de computador. Os bem mais novos, dá para se compreender, não percebem muito isso, talvez. Afinal, já encontraram a época desse jeito.
Todavia, nunca é demais lembrar que nada substitui o contato pessoal, o abraço entre dois seres, o calor da pele, o calor da voz sem microfones, o olho no olho. Real, ao vivo. Isso não é nada demais, não sairá de época nunca. Isso é apenas o que de melhor pode haver no humano. O virtual é somente uma novidade da tecnologia. Que pode causar boas surpresas, mas pode também assustar.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Grampos que arrepiam os cabelos

Praticamente há uma semana eu estou ouvindo e vendo na mídia essas matérias sobre os grampos telefônicos nas esferas dos poderes da República. Sinceramente, não agüento mais este assunto. Aliás, nem estou lendo, nem vendo mais nada que se relacione a isso, apesar de saber que, o ato de grampear os telefones, é um fato que fere a Constituição e o Estado Democrático. Todavia, todos sabemos que, a qualquer tempo, uma coisinha aqui ou outra ali também fere o direito do cidadão simples mortal, que paga seus impostos todos os anos e nem por isso a gritaria em torno dessa ferida dura tanto tempo. Ou melhor, a gritaria nem é ouvida.
Para falar a verdade, até onde eu sabia, esse negócio de grampo era coisa de mulher usar para prender os cabelos. Mas como tudo muda nessa vida...Agora os grampos arrepiam.
Seria bem melhor que a mídia pudesse divulgar insistentemente que as nossas estradas federais, estaduais e municipais foram todas restauradas e que agora a gente vai poder trafegar com bastante segurança por elas. Muito melhor seria ouvir e ler que a educação do nosso povo caminhou milhas para frente e que a cultura de massa se elevou para um nível melhor. Ou que as pessoas agora não precisam mais esperar horas ou até dias para serem atendidas num hospital público. Olha, seria melhor ouvir e ler tanta coisa melhor...
Mas, como há anos e anos, ouço que as coisas estão melhorando...Vamos então aguardar.
Enquanto a gente espera, esses grampeadores poderiam colocar os tais grampos nas portas dos hospitais, nas plataformas de trens de subúrbio nas cidades, nos ônibus interestaduais que trafegam por nossas rodovias e em outros lugares onde o povo sempre se junta. Talvez ficassem surpresos com os comentários que iriam ouvir. E com certeza, nem tudo seriam flores.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Não deixe queimar essa beleza brasileira


( essas imagens foram tiradas dentro de um dos parques de Brasília)

Hoje cedo, li na internet que, ontem, foram registrados cerca de 220 casos de focos de queimadas pelo Brasil. Nunca é demais lembrar que nesta época de seca esse fato se repete todos os anos. Seja queimada provocada pelo homem ou espontânea – a chamada combustão espontânea, que dizem ser muito comum no cerrado brasileiro, o fato é que incêndio na natureza não é uma boa para a vida do planeta.
Portanto, aproveito este espaço para solicitar, àqueles que lerem este texto, que repassem essa informação. Relembro, nunca é demais pedir isso. É a nossa saúde, nossa vida e a da fauna nacional.
Aqui em Brasília e praticamente em toda a região centro-oeste, é muito comum esse tipo de situação que destrói parte do cerrado brasileiro, agride o solo e mata os animais e plantas. Muita gente pode saber – mas muita gente ainda não sabe, que a recomposição desse tipo de vegetação leva muito tempo e altera a vida ambiental. E, pior, colabora, com o clima já predominantemente seco, para violentar a saúde do homem que vive no planalto central brasileiro. Em resumo, suga a água do nosso próprio corpo, que é composto em sua maior parte desse elemento sinônimo de vida.
Muita gente pode pensar que o cerrado é um tipo de mata retorcida e seca nesta época do ano. Todavia, o cerrado talvez seja, diferentemente das tradicionais florestas tropicais, uma das coisas mais belas que a natureza criou. Guarda seus mistérios e por incrível que possa parecer aos leigos sobre o assunto, conserva a água no subsolo, mesmo que na superfície tudo esteja aparentemente seco e retorcido. Só mesmo tendo a oportunidade de adentrar na vegetação do cerrado nesta época do ano, o visitante poderá descobrir flores típicas e árvores exóticas, que conseguem demonstrar um outro aspecto de vida exuberante. Coisas da natureza que nos mostra uma vida muito boa, apesar de tudo. Talvez sejam cenários que nos fazem esquecer, relaxar, nem que seja por minutos, de todas as pragas provocadas pelo bicho homem.