segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Deixe o carro na garagem...(RISOS)


Nessa vida há muita gente com boas idéias. E muitos trabalham para construir coisas boas, contrariando outros muitos que só estão a fim de se dar bem, ou seja, não fazer nada e ganhar muito dinheiro. Mas, mesmo as boas idéias e o trabalho nem sempre conseguem atingir resultados esperados. Hoje, por exemplo, foi o Dia Mundial sem Carro. Uma idéia muito boa em países onde o povo dispõe de transporte público adequado ou anda, em massa, de bicicleta. Quando nasceu, já encontrou a bicicleta esperando ao lado do berço. Esperar bom resultado dessa campanha no Brasil? É brincadeira!
Não estou falando bobagem. A mídia hoje mostrou a reação do nosso povo, nas grandes cidades brasileiras. Já é um problema cultural. Como fazer as pessoas deixarem o carro na garagem e pegar ônibus ou metrô, ou melhor, como fazer essas pessoas irem de bicicleta para o trabalho ou às compras? Brincadeira! Essa campanha tinha que ter começado quando Cabral aportou por aqui em 1500.
Claro, não havia carro nem bicicleta àquela época do descobrimento do Brasil! Nem vou falar de cidades como Rio e São Paulo, onde há um sistema de metrô e um razoável transporte por ônibus, embora existam milhões de habitantes por lá. Digamos que por lá o transporte público quebre o galho para o povo e ao mesmo tempo seja um sistema caótico no que tange aos congestionamentos. Como esperar que dentre aqueles milhões, alguém fosse pegar uma bicicleta no dia de hoje e ser atropelado no primeiro cruzamento!
Vou falar da capital federal, Brasília, que conheço há anos e bem. A cidade dos automóveis e onde o transporte público eu diria “exótico” em relação às cidades tradicionais do País. Uma cidade com 48 anos de vida e eternos problemas de transporte. Não vou dizer que os governos locais nada têm feito em relação ao problema. Fizeram, o atual está fazendo, mas longe de solucionar a questão a ponto de induzir sua população a usar bicicleta para se locomover ao trabalho. Só para quem não vive em Brasília há anos ou não conhece a mentalidade reinante por aqui. Brasília ainda é e talvez seja por muito tempo sinônimo de automóvel. Quem ainda não tem, se vira para comprar um, mesmo velho. Criou-se até um local de vendas imenso, chamado Cidade dos Automóveis. Arriscaria dizer que quem não possui veículo automotor por aqui, quase não é considerado gente na cidade. É desumano, mas é assim e pode quem quiser dizer que estou exagerando. Carro é título, dá status em Brasília, tal qual o lugar onde se mora e a roupa que se veste. Isso deveria mudar, mas até agora...
Brasília é linda, arquitetura intrigante, traçado moderno com seus largos eixos de rolamento. Uma cidade realmente diferente de todo o Brasil. Deveria mudar sua mentalidade também. Fazê-la de primeiro mundo. Torná-la linda, maravilhosa perante as demais cidades. Dar até exemplo de “cabeça boa”, como pensante que é para o País.
Como então esperar que a capital federal aderisse ao Dia Mundial sem Carro? Mesmo com o atual governo do Distrito Federal anunciando 42 quilômetros de ciclovias, que, no máximo, são utilizadas para o esporte e lazer. Menos mal que seja esse o uso de verdade. Amigos e conhecidos meus já manifestaram o seu “horror” de ter que pegar transporte público em Brasília. Imaginem os engravatados locais chegando aos Ministérios de bicicleta? Vá fazer utopia assim lá...
Seja em Brasília ou qualquer outra cidade brasileira, fazer uso maciço da bicicleta ou do transporte público, será um passo que vai requerer muito trabalho e investimentos. E, sobretudo, mudança de mentalidade que deverá começar por nossas criancinhas. Mudança que deverá usar os currículos escolares da primeira infância. Estou falando sério. Cidadania por completo e não apenas para as eleições. Por enquanto, o que se tem é o que se vê. E quem se utiliza do transporte público que se tem no momento, é porque não há outro jeito. Pendurado ou amassado tem que se chegar ao trabalho. Bicicleta por enquanto só para lazer, esporte de trilhas. Pode ser que uns gatos pingados tivessem coragem de usá-la como transporte do cotidiano.

Um comentário:

LNRodrigues disse...

Estão querendo mesmo que as pessoas deixem seus carros em casa? Que absurdo! O estado dos ônibus do DF estão uma vergonha, continuam as mesmas porcarias: velhos, lotados, imundos, atrasando e quebrando sempre. Só quem anda para sentir na pele o problema. Mas, como Deus é brasileiro, vamos dando um jeito. Desculpa-me pelo desabafo. Lourdes