quarta-feira, 17 de setembro de 2008

"Nada como um dia após o outro"...

Creio que ninguém tem dúvidas de que o mundo tem passado por grandes mudanças dos valores humanos. Isso é praticamente óbvio. O que valia ontem, hoje não vale mais, o que era pela manhã, à noite é capaz de ter se transformado. Houve um enorme salto do final do século passado para este século 21. As mudanças tecnológicas são vertiginosas. O consumismo desenfreou. O homem se distanciou do homem. Do contato pessoal passamos ao contato virtual. Ninguém tem tempo. Muitos já não dispõem disso para conversar. Mas, este é o mundo atual, onde o aquecimento global é o tema da moda.
Noutro dia eu escrevi sobre o “novo”, que sempre vem. Ou seja, os tempos vêm com os mais jovens e os tempos se vão com os mais velhos. Nada tenho contra esse “novo”. Creio que quem está vivo deve ter pelo menos um nível de aceitação ao que acaba de chegar. De nada adianta lutar contra a correnteza, embora há momentos em que a gente não pode deixar de sentir saudades de alguns valores do passado. Isso, claro, quem sente são os mais velhos.
Esta semana alguém me dizia sobre a perda dos bons valores, aliás, simples valores que faziam parte do cotidiano, como, por exemplo, dar bom dia, boa noite, pedir “por favor”, dizer “obrigado”, com licença e outras expressões de gentileza e atenção. Fico pensando que tais palavras parecem ter caído em desuso, tal como o curtir alguém, amar alguém, ser feliz por estar amando, tornaram-se coisas bregas, cafonas nos tempos mais modernos. Ou é desse jeito ou então muita gente finge acompanhar esse modismo e no íntimo sente que muita coisa boa não poderia ter acabado. Ora, pensando bem, por que a coisa boa, que faz bem ao ser, tem que terminar, ou melhor, tem que ser suprimida da vida, do cotidiano?
Do mesmo modo, expressões da sabedoria popular (isto então é uma coisa muito antiga, do tempo talvez dos meus avós) parece que desapareceram. Coisas do tipo “mais vale um pássaro na mão, do que dois voando”; “cavalo dado não se olha os dentes”; “nada como um dia após o outro”; e milhares de outras, se ditas hoje, provavelmente soarão como expressões “idiotas”, nem mesmo idiomáticas e muito menos da sabedoria popular. O que não posso deixar de pensar é que, nos tempos idos, parece que o povo pensava e raciocinava mais sobre a vida, até porque esta devia ser bem mais simples. Certamente os valores espirituais prevaleciam sobre os valores do corpo. Não existiam tantos apelos e tantas ofertas para o consumo, que agora é imenso. Aliás, consumo atual de determinadas coisas que, se parássemos para pensar, certamente deixaríamos de lado. O problema é, “parar para pensar”. Por isso que vou encerrar este breve comentário com a expressão antiga “Nada como um dia após o outro!” Se arranjarmos um tempinho para pensar um pouco nessa frase, possivelmente iremos compreender o seu profundo significado. Aquilo que muita gente antiga passou pela vida e conseguiu entender.

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