Não quero ser chato, mas sou forçado a lembrar que, no Brasil, o roubo do dinheiro público não é chamado de roubo, mas sim de “desvio” de verbas. Ou seja, o sujeito, obviamente, não assalta os cofres públicos a mão armada e nem abre suas portas com explosivos. Há que se ter ardilezas e sutilezas. Muitas negociações. Muitas reuniões a portas fechadas. Geralmente há que existir pelo menos dois protagonistas. Uma autoridade pública e um empresário de um setor de interesse público. O dinheiro dá umas voltas e acaba desviado para os bolsos de muita gente. É uma festa. E isto parece estar acontecendo de norte a sul e de leste a oeste. O conceito de ladrão por aqui vai ficando cada vez mais confuso. Por causa da compra de laranjas.
Por outro lado, nunca se acusa esses personagens taxativamente de terem desviado verbas. Mesmo que haja evidências. Parece que o “politicamente” correto é dizer que há “indícios”. Talvez esse jeito faça parte da nossa moral e dos bons costumes. Desvio pra lá e pra cá, indícios em todas as direções e ao final o gato come o dinheiro. Sumiu! Só a Polícia Federal sabe onde encontrá-lo quando chega a ocasião.
Advogados tornam-se famosos por “solucionar” o insolúvel e “explicar” o inexplicável. E a gente toma vacina contra a febre amarela, a dengue contra-ataca e terremotos afetam nosso dia a dia junto com o aquecimento global.
Nenhum comentário:
Postar um comentário