Nua e crua, a realidade da vida incomoda. Viver na fantasia, na ilusão é, obviamente, mais gostoso. De fato, há coisas que é melhor não se aprofundar. Até porque a vida está passando. Passa para todos do mesmo modo. O tempo não para mesmo. Segundo a segundo, minuto a minuto, hora a hora, dia a dia. E a gente pode perder tempo com coisas insolúveis.
O nu e cru de algo, quando observado, dá mais trabalho se precisar de conserto. Por isso, ignorar a verdade pura de um fato, com certeza é bem melhor. Ou então, de cara com a verdade talvez isso possa explicar tanto consumo de drogas, tanto as ilícitas como as lícitas. Pelo menos um mínimo de cerveja para esquecer ou para colocar as idéias em rumos mais flutuantes.
Ora, porque estou falando dessas coisas? Porque a vida é muito legal e nós é que a complicamos. Na ilusão de que o ilusionismo é melhor, creio que deixamos passar mil oportunidades de fazer a vida coletiva mais amena para se viver. Todavia, julgamos sempre o contrário. Que, se estivermos bem, se tivermos nos dado bem em algo, aí está tudo ótimo. Só esquecemos um detalhe: que precisamos sair às ruas em paz com todos os demais. Queiramos ou não, precisamos dos outros. Alguém pode imaginar uma cidade sem garis ou varredores de ruas? Nápoles, na Itália, está mostrando isso para o mundo.
Para uma vida de fato boa, precisamos de todos os caminhos pela frente, livres de empecilhos. Ao falar dessas coisas, não posso deixar de lembrar o famoso jornalista, escritor e dramaturgo brasileiro, Nelson Rodrigues, falecido em 1980. Nelson foi polêmico, incomodou grande parte da sociedade com seus textos teatrais. “A vida como ela é” foi uma de suas colunas mais lidas em um jornal de sua época. Ele escrevia a verdade nua e crua, mesmo com humor. Nelson incomodou por desmascarar a hipocrisia do comportamento social. Aquilo que geralmente fazemos, mas que, por conta dos dogmas sociais, religiosos e políticos, não temos coragem de assumir muitas vezes, com medo de perder alguma coisa. Mas que, no frigir dos ovos, perdemos um pouco de nossas vidas. E sem jeito de voltar no tempo.
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