“A culpa é de quem?” – pergunta a repórter a uma autoridade de Brasília. Falava-se sobre a violência nas escolas da capital federal e porque não dizer das demais cidades brasileiras. Agora, além do desrespeito aos professores, das ameaças em salas de aula, há também uma nova e “divertida” modalidade de violência na área educacional. São as brigas entre alunos, moças ou rapazes, num corpo a corpo onde vale tudo, filmadas pelos celulares dos próprios colegas, com o objetivo de se colocar na internet. Pesquise em seu computador ou veja os noticiários diários.
Ora, é a época, dirão alguns. É o mundo moderno, dirão muitos. Deve ser. Que fazer? Alguns anos atrás, escolas eram os lugares onde os alunos iam receber instrução, educação, disciplina. Houve tempo em que se ensinava, mesmo que em ligeiras pinceladas, civismo, respeito às pessoas e ao País, além, obviamente, das matérias previstas no currículo escolar. Os alunos, antes de entrarem em sala de aula, formavam diante da bandeira nacional, por ordem de idade ou de altura. Em muitos estabelecimentos de ensino havia ainda a execução do hino nacional. Havia noção de Pátria, os estudantes conheciam pelo menos um pouco dos hinos da independência e da bandeira. Os mais irrequietos, irreverentes, sempre eram punidos pelo mau exemplo que davam, se não obedecessem às determinações dos professores e da diretoria. Estes já não ganhavam bem no final do mês, mas eram respeitados pelos alunos, nem que fosse por meio de punições. Dizia-se “não” aos alunos bagunceiros.
Mas, como o tempo não pára, o mundo girou muito e tudo mudou. Dependendo dos valores que cada um tem na cabeça, mudou para pior ou para melhor. Por enquanto, é o que temos, é o quadro que estamos vendo diante dos nossos olhos, sejamos velhos ou mesmo jovens. As pessoas sem tempo, correndo atrás do dinheiro para a sobrevivência, com raros momentos para conversar com os filhos. E alguns ainda conseguem esses raros momentos. E mesmo os filhos que têm o diálogo em casa, não podem deixar de ir ao colégio onde irão reunir-se com os demais colegas, para assistir ou participar até mesmo das violências escolares.
Há muito que a droga também chegou à escola e com ela o restante de atos e fatos que a fazem fugir da sua finalidade principal. E o importante Ministério da Educação, o que tem feito nos últimos anos para administrar essa questão, essa grande mudança no ensino nacional que deve aterrorizar muitos pais e professores e, claro, muitos alunos? Tudo aponta para a desvalorização do ensino, da educação brasileira. Por mais que esse ministério tente fazer, ou pelo menos diz fazer para melhorar a qualidade do ensino. Já não basta, a desvalorização dos professores, dos próprios currículos escolares frágeis, no que exigem dos alunos atualmente, das faltas de vagas para atender à demanda da crescente população brasileira? Nos últimos anos, a educação que se deu ao País, a cultura do respeito aos mais velhos, ao semelhante, é esta que vemos adentrar nas escolas hoje, a ponto até mesmo de tirar sangue de pessoas?
Pode ser que tudo isto seja mesmo parte do mundo louco de hoje em dia. Mas se for, pelo amor de Deus, cidadão de bem, pegue o primeiro trem para Marte ou para Júpiter. Aqui, está ficando feio o troço! Não custa repetir que falta educação de verdade, séria, que leva o povo a uma cultura mais elevada. Falta competência para planejar isto, ou é mesmo aquela velha história de se deixar o povo burro, puxando carroça eternamente? É mesmo o velho jogo do poder, que privilegia poucos e deixa a maioria como serviçais subservientes? Se assim for, é mesmo um poder velho, de tão velho está podre, e que se arrasta há mais de cem anos.
Seja lá o que for, a violência nas escolas está imperando. E a falta de educação generalizada também, como parte principal de todo o processo. Já virou um verdadeiro buraco negro. Um buraco que só vai clarear com muito planejamento competente, muito dinheiro dos recursos públicos que vêm do povo, não custa repetir, e, para resumir, com muita vontade política, com muito desprendimento, com muito desejo de fazer o bem ao Brasil. Utopia?
Enquanto as coisas não acontecerem para o verdadeiro crescimento da educação, mamães e pais podem ir se preparando para um futuro breve, louco neste País. Não será para ninguém cair de costas, se mais adiante os alunos não incorporarem de vez, armamentos em seus materiais escolares. E as mãezinhas perguntarão aos seus filhinhos: “não se esqueça do fuzil, meu filhote!” Nesse ponto, as lancheiras com o sanduíche ou o dinheiro para o lanche na cantina escolar, não terão mais a menor importância.